Antes de tudo, deixo claro que meu objetivo não é minimizar a gravidade do covid-19. Não vou te pedir para ser leve e calmo diante da situação devastadora que o vírus trouxe - e continua trazendo - ao nosso cenário. Meu objetivo é deixar uma mensagem para ser dialogada entre você e sua própria consciência. Um lembrete, de carinho e cuidado de alguém que também tem sofrido, dias sim dias não, com o isolamento social necessário. Esse é um recado para te lembrar que é importante cuidar da sua própria sanidade.
Em tempos de pandemia, onde temos sido constantemente bombardeados e atualizados pelos meios de comunicação sobre a propagação e os impactos do novo vírus, manter-se informado é um hábito necessário e de dever social, mas que infelizmente pode ser nocivo. Porém, como encontrar o meio termo entre um e outro? Manter-se assiduamente informado e constantemente aflito, ou negligenciar-se de todos os fatos e manter uma postura sã, de maneira egoísta? Entre um conflito e outro, concluí que o meio termo é complicado de achar, mas é preciso. E não é tão difícil.
E esse equilíbrio, consegui encontrar as poucos. Dia a após dia, quando passei aproximadamente 40 dias em puro isolamento, sem meus dois gatos de estimação e minha família próxima a mim. Ao longo desses dias, chorei, sorri, surtei, me reestabeleci, chorei de novo e sorri mais, pois de cada dia tirei um aprendizado diferente e uma maneira nova de enxergar esse momento da melhor maneira possível, pois sabendo que muitos estavam sofrendo e morrendo lá fora, eu precisava me manter vivo e são. Comigo mesmo. Alguns passos me ajudaram nesse caminho:
É preciso manter-se informado, mas com o foco direcionado
Tire um único momento do seu dia para se atualizar do que está acontecendo, no horário que você achar melhor para absorver essas informações, porque se alienar não é uma opção. Não ver os noticiários para "não se infectar", é uma maneira egoísta de lidar com o assunto e tapar o sol com a peneira, ao meu ver. O problema existe, está entre nós e, diante disso, precisamos encontrar juntos - mesmo separados - a melhor maneira de lidar com isso, pois esta é a nossa nova - mas não eterna - realidade.
Depois de assimilar as notícias do dia, procure se desvincular disso
O vírus tem feito muito estrago do lado de fora do isolamento e os profissionais de saúde já têm dado seu melhor com os recursos disponíveis, colocando até mesmo suas próprias vidas em risco. Ele, o vírus, não precisa causar ainda mais estrago na sua mente, pois este é o seu refúgio.
Nossa maneira de ajudar o próximo e a nós mesmos é manter o isolamento social, ficar em casa e procurar filtrar as notícias
Ou também, mudar o foco das pesquisas. Por que damos mais atenção ao número de vítimas fatais que o vírus atingiu e pouco sabemos sobre quantos novos casos foram curados? O quanto pesquisadores e cientistas têm trabalhado e feito pequenos avanços em busca da cura? Tente pesquisar também sobre o outro lado da moeda dessa história. Tente enxergar que estamos lutando para vencer.
Além do racional, procure reestabelecer hábitos que te fazem bem
Agora que ficamos mais em casa, vezes mais ocupados e outras mais ociosos, muitas vezes nos vemos de frente com nossa própria essência, nossa própria cia, e pensamos "e agora?", mas isso porque entramos num fluxo automático de zapear entre aplicativos dentro do celular. Procure ressignificar essa nova quantidade de tempo pra si, fazendo coisas que você costumava fazer e gostar, mas aos poucos foi deixando de lado. Faz uma listinha daquelas séries e filmes que faz tempo que você prometeu a si mesmo assistir. Pega umas receitas em sites de culinária ou com instagrammers cozinheiros e se joga. Nisso, você pode encontrar múltiplas maneiras terapêuticas de se manter mais tranquilo.
Dê aquele up no visual e se enxergue com carinho
Pega um dia da semana e faz pra você um dia de home spa. Se permita esse momento! Tire uma tarde pra caprichar no skin e body care, invista em produtos de beleza que te tragam um sensorial prazeroso, como máscaras faciais e esfoliantes, e tire esse tempo pra você. Se arrume e passe perfume pra ficar em casa mesmo, aproveita e tira uma selfie bafo na golden hour lá pras 16h, 17h da tarde. Você vai ver que se enxergar bem e vivo diante do espelho traz esperança e bom humor pro nosso dia.
Se permita não fazer nada também, porque tá tudo bem não ter planos
Às vezes, na tentativa incessante de procurarmos ser produtivos, acabamos gerando mais uma cobrança pra esse momento difícil, por isso, permita-se também não seguir a regras, permita-se não ser útil, porque você também tem direito de descansar e não se cobrar apenas porque outros estão fazendo. Você tem suas vontades, seus desejos e suas metas, que devem ser respeitados, no seu tempo.
Acredite no poder da transformação
Pela primeira vez em muito tempo, se não a primeira vez na história da humanidade, todos nós temos algo em comum ao mesmo tempo, que é o dever de estar em casa em prol de um bem maior. E esse processo nos faz refletir sobre quem somos, sobre como atuamos em sociedade, sobre como entendemos solidariedade e empatia. Todos estamos sendo metamorfoseados para algo melhor, apesar dos pesares. É preciso manter a esperança no dia de amanhã, acreditar no poder da ciência e praticar a paciência consigo e com os outros, para enfim celebrarmos o dia que tudo isso acabar.
A gente não sabe quando isso vai terminar e pode até demorar mais do que gostaríamos, mas também sabemos que não vai ser eterno. E é nessa esperança que procuro me apegar: na confiança de que dias melhores virão, que o amanhã vai chegar com novas energias e boas notícias para nos fazer acreditar que quanto mais distantes estivermos uns dos outros nesse momento, mais rápido vamos voltar ao calor do abraço de quem sentimos falta.
—Jonas Netto @imjonasnetto
