"Como você está?". Essa pra mim é umas das perguntas mais bonitas da vida. Concluí isso agora e posso provar que essa frase merece ser enaltecida em grande escala. É curta e diz muito, é simples e empática, é sonora e verdadeira. Em tempos de isolamento social, recebi muitas perguntas desse tipo e me surpreendi. Não vieram da minha terapeuta, nem das melhores amigas e muito menos de algum crush (até porque não tenho nenhum no momento). Vieram de pessoas com quem tenho muito menos contato, de forma inesperada. Eu acho extremamente necessário questionar sobre como o outro vem se sentindo. É o tal do olhar. Observar, pois tudo é comunicação. Desde uma foto, uma legenda ou até mesmo uma música postada do nada. Tudo pode nos dizer alguma coisa sobre o que a pessoa está passando. E sim, temos o poder de mudar o dia de alguém só em perguntar, ouvir e se abrir.

"Como você está?". Essa pra mim é umas das perguntas mais bonitas da vida. Concluí isso agora e posso provar que essa frase merece ser enaltecida em grande escala. É curta e diz muito, é simples e empática, é sonora e verdadeira.

Não se trata de oferecer uma sessão de terapia (até porque há profissionais habilitados para isso), mas uma forma de ser um indivíduo social. Se importar faz parte e se comunicar é uma arte. Acredito que todo mundo precisa se perguntar e ser perguntado. Como eu estou? Como você está? Podem ser essas frases exatas ou derivados ("Tá tudo bem?", "Como andam as coisas?", "E a vida?"). Não tem uma regra, mas independentemente de como é feita a pergunta, quando ela vem pra mim, eu sempre respondo com um: "Tô indo, né!" e em seguida desabafo. Não de forma dramática, mas sincera. Ali se inicia um assunto, um laço, uma proposta, um convite ou uma parceria. Ali o silêncio desabrocha e o diálogo flui naturalmente. Pode ser com lágrimas, com dicas ou risadas, mas sempre com agradecimento no final.

Dias desses uma amiga fotógrafa de São Paulo me perguntou como eu estava e em seguida se desculpou. Ela disse que obviamente eu não estaria bem por tudo que vem acontecendo (pandemia, política, questão racial, ansiedade,...). Eu respondi que não era para ela se desculpar, pois eu adoro ler essa frase. Pra mim, demonstra empatia e importância. Mas isso é algo meu, minha mente sensível enxerga dessa forma. A resposta veio com lembranças e reflexões de quando trabalhamos juntas no mesmo evento e com uma forte carga de sentimento. É nítido que todos nós estamos mais sentimentais ultimamente. Ah, elogio também teve na conversa, e como é bom ser elogiada. Nem foi por beleza e sim por atitude, conduta e pensamento. É bom receber e compreender o seu papel para aquela pessoa. Nenhum elogio sincero merece ficar preso. Elogie sempre que for preciso!

Não, não tá nada bem pra quem vive no Brasil, mas só em saber que alguém se importa já é uma grande alegria. Na semana passada foi uma colega de faculdade que veio com a mesma pergunta. Só que de um jeito tímido, sem muitas palavras e do nada. De cara eu achei que ia pedir um favor (e tá tudo bem!), mas ela só queria saber como eu estava sentindo. Me senti burra e insensível por ter tido um pensamento tão frio anteriormente e disse pra ela que mesmo com rotinas opostas, ainda estou aqui.

É cada vez mais necessário pensar sobre relações e afeto. O momento pede. É sobre isso! Precisamos de nós e pra isso é preciso se abrir (mente, corpo e coração). Com quem, onde e pra quem quiser. A mudança é coisa sutil e pode nascer de uma simples pergunta. Me sinto bem por ter escrito sobre isso num dia de sol no terraço aqui de casa, me sinto produtiva e viva.  E você, "Como você está?".

—Anna Paula Chagas @annap_chagas