Sempre tive a pele reativa, desde pequena. Lembro de ir visitar minha vó no interior do Rio Grande do Sul e voltar toda picada dos mosquitos - meus pais contam que cheguei a parar no hospital por causa disso uma vez, rs. Na praia, a preocupação era para que eu não me queimasse, já que sou bem branquinha. Mas nenhum cuidado excessivo ou tão fora do comum.

Corta para 2015. O ano em que me formei na faculdade de Jornalismo da UFRGS e fiz o (temido) TCC. Foi um período de muitas mudanças na minha vida e, juntando tudo isso com estresse e ansiedade, as crises de pele começaram. Eu não passava dois meses com a pele calma: de um dia para o outro, meu rosto passava a arder, ficava vermelho e ressecado e a região da boca toda machucada. O mais suave dos produtos, mesmo os indicados para pele sensível, fazia meu rosto queimar, e eu ainda tentava cobrir as lesões com maquiagem, porque tinha vergonha de sair assim na rua. E lá ia eu em médicos que não entravam em um consenso sobre o que eu tinha e me receitavam somente um antialérgico. Eu vivia tentando superar uma crise dessa “coisa” até chegar a próxima, sempre embalada pela sonolência do medicamento.

LUÍZA MATTIA

Em meados de 2016, um médico alergista me diagnosticou com dermatite perioral (até hoje não tenho certeza se é isso mesmo). E, em 2018, descobri também que tinha rosácea. Me vi obrigada a me entender com a minha pele. Mas, principalmente, com meu eu interior e a autocobrança constante. A rosácea, por exemplo, não tem uma causa conhecida, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), mas possui forte influência de fatores psicológicos. Coincidência ou não, o ano em que mais tive crises na pele foi também uma época bem turbulenta da minha vida.

Escrevendo sobre isso em retrospecto e já tendo uns quase quatro anos de terapia na bagagem, vejo o quanto minha pele reflete tudo o que sou e o que sinto. A pele é um órgão e cada vez mais compreendo como ela se conecta com o que acontece comigo. Hoje percebo quando ela me alerta, e sei que o que preciso fazer é parar um pouco e entender o que ela quer me dizer. E não acho que isso seja fácil, não me entendam mal. Autoconhecimento é fundamental, mas dói. Dói, mas liberta. E ajuda a manter a pele mais calma, reflexo de uma cabecinha em ordem.

LUÍZA MATTIA

Uma pele com rosácea, dermatite e outros agravantes vai precisar de cuidados constantes, já que muitas dessas doenças não têm cura. Diversos fatores podem agravar o quadro e, além do estresse, a alimentação e o clima também contribuem. Quando alguém me pergunta o que fazer numa crise de rosácea, a primeira coisa que eu sempre digo é: calma, vai passar. Toda crise que chega, vai embora, mais cedo ou mais tarde. Outro ponto que acho fundamental no tratamento destas doenças é ter o acompanhamento de um (a) médico (a) que, principalmente, esteja disposto (a) a te ouvir de verdade. Que te veja não como um paciente, mas como uma pessoa. Cada vez mais, eu acredito que precisamos ser cuidados como os seres complexos que somos.

Hoje em dia, não tenho mais tantas crises - de pele, porque as internas seguem e seguirão por muito tempo ainda, rs. Descobri que gosto muito de cuidar da pele, testar produtos e compartilhar minhas experiências. Na maior parte do tempo, me sinto em paz com a minha pele. Temos dias ruins, mas tento entender que isso faz parte do processo e nem sempre tudo vai estar do jeito que eu quero – e assim é a vida, não é mesmo?

Prazer, Luíza, pele super sensível, com rosácea e dermatite perioral. Conta comigo nessa jornada e, lembre-se, vai ficar tudo bem <3

—Luíza Mattia @_tuapele