Vira e mexe vemos dicas de coisas que podemos fazer para manter uma boa saúde mental - em meio à pandemia de coronavírus e sempre. Nelas, uma carta marcada no baralho é a meditação. A prática é realmente transformadora e quando ela passa a fazer parte da sua rotina, você pode ficar mais centrado, seu equilíbrio interno melhora e vibra em harmonia com o foco no presente.

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O que muita gente esquece de falar é: e quem quer começar, mas os pensamentos soltos viram gatilhos para ansiedade?  “Oi, estamos aqui, os ansiosos demais até para meditar!” Neste momento, a autora que vos escreve entra em primeira pessoa do singular - mas que também pode ser plural pela identificação - com os alertas internos piscando em luzes vermelhas. “Então não consigo meditar? Será que não devo insistir?”, eu pensava, afinal queria experimentar as maravilhas associadas à pratica.

Uma resposta que acaba sendo em comum para muitas das minhas perguntas é o autoconhecimento. Depois de estar numa posição confortável e de olhos fechados, vinha o amontoado de pensamentos que ocupavam a cabeça e a pequena falta de ar chegava com a ansiedade. A lista mental das coisas que faltavam para fazer, os pensamentos automáticos de tudo que ainda não havia perdoado em mim e situações desconfortáveis que havia passado, desde uma gafe no grupo da família até o que deixei de dizer ou disse demais. Como se eu procurasse me autossabotar. Entendi, no meio disso, que era o momento de me entender. De onde isso vem?

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Foi e é um processo, no qual tive direito à terapia, psiquiatra, exercícios físicos, florais, cristais e incensos. Ufa! Sou grata por ter tido oportunidade e coragem para ver meus fantasmas da solidão e dependência abraçados e devidamente encarados. Foi aí que comecei a entendê-los, a aceitar melhor. A aceitação de si é turbulenta, mas não mais do que é libertadora e pacífica.

Para quem também se perde na meditação, compartilho que fui me encontrando nela quando escolhi um programa para a prática guiada. A voz acolhedora ao fundo que me instruía junto ao processo poderoso de me autoaceitar funcionou. Baixei e experimentei alguns aplicativos diferentes até escolher pelo Lojong para continuar. Acredito que cada um se identifique com uma plataforma diferente de acordo com suas preferências, mas fica a recomendação de por onde começar. Assim como todas as práticas, a meditação se torna mais completa e efetiva através da repetição. As primeiras tentativas podem ser desafiadoras, mas uma vez que você mergulha no estado meditativo, você entende. A psicóloga Beatriz Garcia fala da meditação plena como uma ferramenta para nos atermos ao presente e estarmos mais conectados conosco. “A nossa mente tem a tendência de nos levar ou para o passado ou para o futuro, sobrecarregando o nosso momento presente com coisas que não estão acontecendo”.

Não foi de um dia para o outro. Meses depois desde a primeira vez que tentei meditar, é que comecei a ver os benefícios dos dias com meditação X dias que não havia meditado. O estado pós meditativo consegue se estender por horas, o relógio interno desacelera. O foco no presente fez a vida ter menos ânsia, me sintonizou. Já que o momento que enfrentamos abre espaço para o autoconhecimento, aproveito para dizer que esse texto também é muito sobre isso. Espero que a gente continue a se procurar, achar, aceitar e perdoar mesmo quando o tempo não estiver de sobra.

—Ana Daflon @ana.daflon